"Qualquer estátua - é sabido - contém um princípio vital que uns dizem derivar do artista que a moldou, outros da entidade que representa, outros ainda do próprio vigor da pedra, que apesar de cortada e extraída continua a nascer e a crescer nas pedreiras. Talvez seja ilusória aquela rigidez das formas. Provavelmente, a estátua observa o que se passa em volta. Tudo vê, ouve e guarda. Mas apenas actua nos momentos propícios, raros e ponderosos.
E sendo assim, deve haver um segredo para penetrar na alma das estátuas. Um gesto, um vocábulo, um pensamento piedoso emergindo no tempo e na conjugação astral adequados. Ou talvez apenas uma pessoa bem determinada (...)"
in Um Deus passeando pela brisa da tarde, Mário de Carvalho
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