terça-feira, 4 de novembro de 2008

Romântica não!

Sem música, imagens, artefactos
Ou dispersadores de atenção
Não quero dizer nem escrever
Quero ser ouvida e lida
Por voz clara e lúcida
Que não desejo o sonho
Quero vivê-lo
Que não anseio a paixão
Quero sê-la
Hoje, amanhã, depois e sempre
E se isso me sufocar
Quero lutar contra a apneia
Quero recrudescer de força
E esbracejar
Arranhar o ar mosto, lânguido
Sugar a vida vivida
Sem Platão nem Ícaro
Acordar por mordedura
Sentir que o corpo ferve e se degladia
Por ferocidade respirar
Por inquietação existir
A lutar, a gritar, a desesperar

Quero pesar no irracional
Quero lá ir e nunca me conformar

Quero reconhecer-me e reencontrar-me.

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