sábado, 16 de fevereiro de 2008

Sobre papéis, mapas e horários de comboio; sobre um tampo laranja, sob a luz cilindrica e branca estou. Penso.
Após avistar alguém na cozinha. Um personagem misterioso, também solitário, avistado de quando em vez... quando o quadrado da janela que abria indiscrição para o lava-louças o permitia. Ao colocar o iogurte no meu frigorifico privativo (o parapeito da janela porque o quarto é bem quente...a sério, sem ironia!)trocámos olhares, estranheza, susto, quase culpa espiã (se é que os espiões a têm).

Amanhã partirei para Vila Real. Em busca de mudança, em busca de pessoas - talvez lá tenha alguém sob o mesmo tecto, 'sob' as mesmas quatro paredes, talvez lá os "edredron" laranja não sejam 5 esticados, lisos, sem ruga impressa, panos. Talvez lá respirem pessoas.

(Tenho medo. Medo de me ver reagir à descoberta.)

Tento lembrar-me de músicas para trautear enquanto deambulo no silêncio esquartejado só pelo 'zum' do quadro eléctrico.

Hoje...choveu todo, todo, todo o dia.

Vi, estive, conversei com o T. Foi como uma lavagem do silêncio que me acompanha. O silêncio só é bom quando é nossa 1ª escolha, quando nos é imposto pela solidão é dilacerante. Pelos vistos encontrei um desafio que me desconcerta.

Vou cantando conforme me lembro...
in Diário de Viagem_08 parteII

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